The New York Times liberou a segunda crítica do “The Pains of Growing” que contará no Metacritic. Leia a tradução do artigo abaixo.
Estranha sinceridade artística define a cantora e compositora canadense Alessia Cara em seu primeiro álbum de 2015, “Know-It-All”. Em um de seus hits, “Here”, ela cantou sobre se sentir antissocial e alienada em uma festa barulhenta. E em uma música que se tornou um hino, “Scars to Your Beautiful”, ela depreciou ideias superficiais de beleza, dizendo, “para todas as garotas que estão sofrendo, deixem-me ser seu espelho”. Ela colaborou com o rapper Logic na música anti suicídio “1-800-273-8255”, e cantou a música inspiradora de Lin-Manuel Miranda, “How Far I’ll Go”, para o filme da Disney “Moana”. Ela foi nomeada Best New Artist – alguns anos depois – no Grammy Awards de 2018.
O segundo álbum de Cara, “The Pains of Growing”, duplica a sinceridade – ela escreveu todas as letras – e a estranheza. “Há verdade em cada palavra que eu escrevo”, a artista de 22 anos insiste em “Growing Pains”, que abre o álbum. Ela é uma cantora com uma voz ágil mas uma jovem mulher ainda descobrindo si mesma. Em suas novas músicas, ela lida com um término, com solidão, com preocupação e depressão. Em uma canção, “Wherever I Live”, ela não consegue nem ao menos carregar seu telefone porque a tomada do seu quarto de hotel estava quebrado.
Seu consolo é que “ao menos eu digo o que quero”, como ela canta em “Girl Next Door”, que é a declaração da missão do álbum: rejeitar o glamour para ser uma “mulher sem sal”, proclamar a modéstia e insegurança ainda insistindo que ela vai “fazer o que eu sonho”. E ela está ansiosa para oferecer empatia e encorajamento. Em “Easier Said”, ela recua em repreensões impensadas para simplesmente “sacudir a nuvem que te segue”, em vez disso aconselhando, “Só tome o seu tempo para se recuperar”.
É isso que ela faz da música destaque do álbum, “Not Today”, a qual desmonta e reconstrói uma mistura de R&B antigo enquanto Cara imagina algum momento futuro – “mas hoje não” – quando ela finalmente aprende “gerenciar a miséria”. Ela especifica seus problemas com uma melodia sincopada e arranjos agitados que sugerem Amy Winehouse e Mariah Carey; humor e confiança equilibram a tristeza.
Os hits do álbum de estreia de Cara foram polidos e empolgantes para serem tocados em rádios, primeiramente pela equipe de produção Pop & Oak, que também colaboraram com ela em cinco faixas em “The Pains of Growing”. Mas neste álbum, Cara está determinada a se manter acessível – apenas em tamanho real, não mais do que a vida. Ela gravou, produziu e projetou duas músicas modestas, “I Don’t Want To” e “A Little More”, em seu porão, com pouco mais do que seu violão e voz, recordando os vídeos de cover gravados em sua casa e postados no YouTube que fizeram ela ser notada quando adolescente.
Mesmo quando Cara tem toda a produção de estúdio por trás dela, as músicas começam esparsas e quietas, com a seção rítmica quase se esgueirando. Quando ela o faz, ela se inclina para estilos retrôs: midtempo Motown em “Confortable”, que considera o amor a longo prazo, e reggae em “Trust My Lonely”, um beijo de despedida que admite: “Eu te amei uma vez, mas isso me fez burra” e insiste: “Eu posso fazer melhor”.
Cara olha além de seus próprios problemas em “7 Days”, em que se queixa a Deus sobre uma sociedade enganosa e superficial, onde a realidade ganha filtros lisonjeiros e “a mídia antissocial perpetua a bagunça”. Como uma correção, Cara oferece sua estranheza sincera em um pop asseadamente construído, e até seus deslizes são cativantes.
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