Alessia Cara pigarreou em 2015 com “Here“, um clássico da angústia adolescente sobre odiar todos os jovens legais da festa. “Eu não danço, não pergunte”, ela desdenhou, com um show de horrores em câmera lenta ao som de um sample vintage de Isaac Hayes. “Here” foi o sucesso surpresa que colocou a jovem de Toronto no caminho certo para o Grammy de Best New Artist. Em seu excelente segundo álbum, The Pains Of Growing, Alessia realmente amadurece como uma grande voz do desencantamento de jovens adultos. Como ela pergunta em “Easier Said“, “So what if you’re a bit bitter before you recharge?/I mean, I spend my days complaining to a guitar. [E daí se você fica um pouco mais amargo antes de recarregar/Quero dizer, eu passo meus dias reclamando com um violão]”. E Cara nunca chega perto de acabar com as reclamações.
Com apenas 22 anos, Alessia tem crescido muito além de “Here” — mas ela ainda soa carregada com confiança, impetuosa e com uma atitude de matar festas. Sua voz cheia de alma amadureceu, com um toque de Billie Holiday em seu registro superior. Declarações bem intituladas como “I Don’t Want To” e “Not Today” definiram o tom do álbum inteiro — Cara canta seu blues pós-adolescente (“One day I swear the pain will be a blip… I’ll be the king of misery management [Um dia eu juro que a dor será um pontinho/Eu serei o rei da gestão da miséria]”) com a guitarra despojada. Alessia teve uma mão excepcionalmente forte na criação do The Pains Of Growing — ela escreveu e co-escreveu todas as faixas do álbum e produziu três deles.
Ela assume o papel de auteur pop, desabafando com uma perspicácia fatigada que parece totalmente nova. Esta garota não está aqui para ouvir as tolices de ninguém, e ela não tem vergonha de mostrar isso. Ela tem indiretas para o mundo fashion (“I rock my soul on both sleeves of my T-shirt [Eu balanço minha alma nas duas mangas da minha camiseta]”), seu celular (“the anti-social media perpetuates the mess [a mídia anti-social perpetua a bagunça]”), os homens (“Hey, Mr. Knock on My Door/I’m sorry that I’ve been emotions galore” [Ei, senhor que bate na minha porta/Peço desculpas por ter sido um excesso de emoções]). Ela até consegue fugir daquele rótulo de segundos álbuns consagrado pelo tempo, a música sobre como é esmagador ficar presa em quartos de hotel. Exceto quando ela faz isso em “Wherever I Live“, ela está cheia de toques inteligentes e originais, com trechos como “I hear the laughter from the TV/Static Rachel talks to Phoebe [Eu escuto as risadas da TV/Rachel estática conversa com Phoebe]”.
Alessia se reune com Pop & Oak, o duo de produção por trás de “Here“, em cinco faixas, incluindo o single “Trust My Lonely“, onde ela dá a si mesma um novo discurso. “Comfortable” é uma balada estilo Motown com No I.D., e “7 Days” é uma conversa séria com o “Mr. Man Upstairs”, imaginando-o assistindo ao fim dos tempos na Terra: “Curled up on his couch right now/As we fail to figure it out/Does he turn down the sound? [Enrolado em seu sofá agora/Conforme não conseguimos descobrir/Ele abaixa o som?]”
Cara vê a si mesma como a intrusa, a garota nas margens que nunca se encaixa. Enquanto ela dá de ombros para o final do álbum, “My kind of fun doesn’t make any sense [Meu tipo de diversão não faz nenhum sentido]”. Mas em todo o The Pains Of Growing, ela possui um estilo único.
NOTA: 8/10
Confira a matéria original no site da Rolling Stone clicando aqui.