A nova estrela do pop Alessia Cara está prestes a pegar um avião para sua primeira viagem para Tóquio, e ela tem grandes planos para o voo, o qual a vai proporcionar raras 12 horas de tempo livre. “Eu provavelmente vou assistir à um filme,” ela diz, “e comer pão. Eu sempre como pão em aviões. E dormir, ou talvez escrever algumas músicas no meu notebook.” A jovem de 20 anos vinda de Ontário se revelou em 2015 com um hino sobre ansiedade social, “Here”, do seu álbum de estreia Know-It-All. Agora, ela está escrevendo para seu novo LP enquanto ganha nova audiência com uma participação na trilha sonora de ‘Moana’ da Disney – e uma performance no Saturday Night Live.

Você começou no YouTube, postando covers acústicos no violão. O que te atraiu nesse instrumento?

Eu amava o som dele, e para ser honesta, eu apenas achei que parecia legal. Eu via jovens mulheres como Amy Winehouse e Lauryn Hill tocando, e é estranhamente empoderador ser capaz de ficar lá só fazendo o shred*. E eu não consigo fazer shred de jeito nenhum! Mas eu consigo tocar, tipo, um acorde G e esperançosamente fazer soar legal. “Fast Car” da Tracy Chapman foi a primeira canção que eu toquei, e depois “Dear Mr. President” da Pink.

Como você conseguiu fazer aquela imitação sinistra da Lorde no Fallon?

Eu sou fã da Lorde desde sempre, e depois que eu ouço a música de alguém um milhão de vezes, eu apenas começo a cantá-la que nem a pessoa. Ela tem uma maneira distinta de pronunciar as palavras. Lorde disse que parecia a voz dela, o que foi um bom selo de aprovação.

Você opera em um espaço o qual Lorde ajudou a cavar – meio que o pop alternativo.

Sim, pop alternativo é uma boa maneira de descrever. Pessoas como ela e Halsey e até Troye Sivan têm feito um ótimo trabalho moldando o que o “alternativo” é agora.

Quando Taylor Swift entrevistou você ano passado, ficou claro que ela conhecia bastante o seu álbum. Você ficou surpresa?

Eu caí para trás, no bom sentido. Isso me ensinou que não importa o quão grande você se torne, isso não significa que você tem que parar de amar música ou prestar atenção.

Quando você performou com ela na 1989 Tour, você sonhou acordada sobre performar em estádios?

Absolutamente. Mas metade disso é sonho e a outra metade é completo terror. Eu nunca fui alguém que deseja muita atenção, o que eu sei que significa que essa é provavelmente a pior carreira para escolher. Eu fico ansiosa até quando as pessoas me pedem pra tirar foto, às vezes. Essa é uma coisa que me deixa hesitante sobre meu futuro. Mas eu amo muito a música para não fazê-la.

Amy Winehouse foi uma influência chave para você. O que você via nela?

Ela era tão diferente de todo mundo que eu ouvia no rádio e tal. Eu tinha apenas 10 anos quando eu vi o vídeo de “Rehab”, o qual provavelmente não é o melhor vídeo para se assistir quando você tem 10 anos. Mas eu não sabia o que significava – eu só vi aquela garota de cabelo encaracolado e louco igual ao meu cantando. E ela não cantava como se estivesse tentando muito. Eu fiquei tipo, “Essa garota é legal. Eu quero ser que nem ela.”

Em “Four Pink Walls”, você chega perto de fazer rap. Você consegue fazer rap livre?

Às vezes, eu consigo fazer isso. Outras vezes, eu sou realmente ruim. Quando eu escrevo, eu gosto de espremer o máximo de palavras possíveis em cada linha – Eu ouço os Fugees e Lauryn Hill faz um bom tempo, então provavelmente isso vem subconscientemente dali.

Você escreveu todas as suas músicas, mas você abriu uma exceção com “How Far I’ll Go” para Moana da Disney. Por quê?

A história do filme é muito parecida com a minha vida, na verdade. Essa garota que quer explorar fora do seu mundo tradicional – assim que eu me senti, tentando ir atrás da música com a minha família italiana tradicional. Eu fiz uma chamada no Skype com o [compositor] Lin-Manuel Miranda, e ele disse tipo, “Apenas faça isso ser seu”.

Você fez um acampamento de composição para o álbum de um grande artista pop. Como foi isso?

Aquilo foi honestamente um pouco estranho. Eles tinham algumas salas com diferentes produtores e escritores e tal, e eu estava em uma sozinha. Um cara entra e me diz o que eles estavam procurando, no meu caso uma música que não fosse uma balada mas ainda sim fosse de coração. E então eles tinham um computador com alguns ritmos, e eu tinha que escolher um deles e escrever. Eu não sei se faria isso de novo, mas se eu fizesse, eu gostaria que o artista estivesse lá para eu poder sentir a vibe do que ele realmente quer.

Quais são seus objetivos para seu próximo álbum?

O último álbum foi bastante metafórico, muitos jogos com palavras. O que eu amo. Mas eu estou tentando ver o que vai acontecer se eu escrever um pouco mais simples. Mas sonicamente, eu quero aprender mais sobre a vibe de “Here,” esse tipo de pop-soul, R&B. É lá que meu coração está, e eu acho que aquele som se distanciou de mim um pouco porque eu era muito jovem e muito incerta do que eu queria fazer.

 

*Shred ou Shredding é o termo utilizado para o estilo de tocar guitarra dando ênfase à velocidade e técnica, em detrimento ao timbre, à criatividade e à experimentação sonora. 

 

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