No início desse ano – e até mesmo antes – Alessia sentiu-se sobrecarregada pela repercussão negativa depois de ter ganhado de SZA e Khalid em Best New Artist no Grammy Awards.
“Muitas pessoas tentarão diminuir o trabalho duro e a ambição de uma mulher. Como uma mulher jovem, é importante não se afetar com isso e ser um exemplo para outras mulheres que aspiram fazer a mesma coisa.”
The Pains of Growing, seu segundo álbum que está por vir, explora a nuance e mentalidade de como é amadurecer na adolescência. Agora com 21, Alessia tocou a maioria das músicas do álbum para um punhado de pessoas da mídia em um estúdio de Los Angeles, revelando um trabalho mais maduro e pronto para o rádio conduzido pelo single “Growing Pains”, lançado no dia 15 de junho. É o primeiro gosto de uma cantora mais confiante e segura do que antes, reforçada por um time de produtores incluindo Pop & Oak (Here, Styb), No I.D., Ricky Reed, Rick Nowels, Click’N’Press e Jon Levine. Em honra ao lançamento de “Growing Pains”, Cara falou com a Billboard sobre o que esse projeto significa para ela e o que os ouvintes podem esperar do seu segundo álbum.
O que estava passando pela sua cabeça ao gravar “Growing Pains” e o que você queria realizar com isso?
Em termos de letras, isso é muito mais introspectivo para mim, conceitualmente. Eu acho que todas as minhas canções no passado foram muito baseadas em mensagens e mais direcionadas ao ouvinte. Mas essa música, pela primeira vez eu estou me abrindo sobre algo que eu nunca tinha realmente falado sobre, é muito mais pessoal do que qualquer coisa que eu já lancei antes. O que eu estava tentando realizar é ter mais percepção do que eu estou passando e ser um pouco mais honesta sobre eu mesma, mas também com esperança de talvez ajudar outra pessoa com o que ela está passando.
Por quais tipos de coisa você passou ao fazer este disco e essa canção em particular?
Eu acho que ter 21 anos no geral é um período muito confuso, porque é quase – pelo menos para mim, e eu acho que para um monte de pessoas – uma fase no meio da sua vida onde você ainda não é completamente adulto e não está totalmente estabelecido em quem você é e o que quer ser, mas você também não é mais uma criança. Há muitas responsabilidades que vêm com essa idade. Eu acho que tentar balancear os dois e tentar achar um meio termo entre agarrar sua juventure e também descobrir-se é difícil em si. Isso é algo com que muitas pessoas lidam nesse período porque nós nunca paramos de amadurecer. Ter 20 e poucos anos é um período onde todas as mudanças são mais proeminentes do que seriam se você fosse muito mais novo ou muito mais velho.
O single é “Growing Pains” e o álbum é The Pains of Growing. Por que escolheu esse título e fez essa troca no nome da música?
Eu acho que porque esse álbum, uma vez que você ouça-o todo, é realmente uma – eu sei que isso pode soar meio brega – mas é uma história. E eu queria fazer com que o título do álbum parecesse de uma história. Como um livro de histórias. E eu achei que chamá-lo de The Pains of Growing soa como se você estivesse prestes a ler um livro para alguém ou sobre alguma coisa. É apenas uma coisa coesa. E eu sempre me senti atraída por álbuns que parecem com uma grande obra e uma grande história. Seria mais impactante e soaria mais como uma história, honestamente. E se eu estou sendo bem honesta, “Growing Pains” é um nome de álbum bem comum, então eu queria ser um pouco diferente.
O No. I.D. produziu uma música no The Pains of Growing que você colocou uma fita com vibe antiga de Motown.
Eu escrevi a letra dessa música no avião, mas eu não tinha nenhum instrumento ou acordes por trás, só uma melodia áspera – o que é algo que eu nunca faço. Eu nunca escrevo uma canção a cappella. Mas eu sabia que eu queria eventualmente gravá-la em algum lugar e fazer algo com isso. Eu estava no estúdio com o No. I.D. na intenção de só escrever ou trabalhar em algo, e ele tocou para mim esse instrumental áspero que soava muito doo-wop, muito direto, Motown à moda antiga. Eu só pensei naquela canção para ir com isso. E então, eu só escrevi uma melodia para isso e nós a colocamos naquele instrumental, e funcionou perfeitamente. Foi como se tivessem sido criados para ficarem juntos. Nós pensamos, “Bem, se essa canção vai soar muito à moda antiga, nós poderíamos também gravá-la à moda antiga.” Então nós terminamos o instrumental e aí gravamos por fita. Soa muito legal. Ela definitivamente se destaca no álbum, mas de um jeito bom.
Outra música no álbum parece se referir à repercussão que você teve após ganhar seu Grammy no início do ano. Foi inspirada diretamente por isso?
Bem, essa música em particular, eu escrevi antes daquela experiência. Mas eu acho que aquilo acontecer comigo foi definitivamente outra razão pela qual eu senti que precisava lançar aquela música ou colocá-la no álbum. Eu não sei, eu acho que desde que eu estou na indústria e quanto mais reconhecimento eu tenho, mais opiniões sobre as mesmas coisas repetitivas continuam aparecendo. E é muito frustrante, como se nada disso tivesse a ver com meu talento e minhas capacidades; eles estão sempre falando sobre o meu visual, coisas bastante estúpidas, e eles não tem princípio básico. Eu senti que queria falar algo sem mencionar diretamente, obviamente, é só um “É, isso sou eu” geral. Mas sim, aquela com certeza foi uma experiência lamentável, porque eu vejo o sonho inocente que eu tive por muito tempo meio que contaminado. Mas eu tentei não me deixar levar por isso.
O que você aprendeu com essa experiência, tendo tido um pouco de tempo para processar desde o Grammy?
Olhando para trás agora, eu queria não ter deixado isso me afetar tanto, porque eu acho que quando você trabalha tão duro por algo e quando você quis algo por tanto tempo, sempre haverá pessoas que discordam disso ou do quanto você é merecedora de certas coisas, e eu acho que é importante não se deixar levar por isso e só reconhecer o fato de que, se eu estou em algum lugar, é porque estou lá por um motivo.
Com The Pains of Growing, como é saber que terá muito mais expectativas, talvez, do que com o Know-It-All? Antecipando amadurecimento, talvez. Como foi a experiência?
Dessa vez, agora que eu estou ciente de que tenho ouvintes e pessoas prestando atenção e dependendo de mim para ter um ombro para apoiar-se, é muito importante que eu faça músicas terapêuticas para mim, mas ao mesmo tempo ser cuidadosa para que elas sejam benéficas para os outros também. Então essa foi definitivamente uma chance dessa vez porque eu estava muito mais ciente de que pessoas iriam ouvir e estavam esperando para ouvir, mas em termos de comparar os dois ou qualquer coisa assim, eu tento não escrever dessa maneira, porque se eu estivesse escrevendo como se fosse o assustador “segundo álbum”, eu não acho que teria me saído tão bem assim. Então eu só tentei escrever canções porque eu queria e porque eu precisava, ou, você sabe, coisas assim ao invés de focar tanto em onde ir com isso ou algo assim.
Já que o amadurecimento é um tema tão recorrente nesse disco, como você acha que o produto finalizado reflete o amadurecimento que você tem vivenciado desde que você esteve escrevendo e gravando?
Eu acho que o álbum inteiro passa uma sensação de alto e baixo, você realmente pode ouvir os pontos baixos, você pode ouvir os pontos mais altos, e isso remete aos últimos três anos da minha vida. Penso que se você ouvir a coisa completa, realmente dá para ver a mudança e você pode ver quais são essas mudanças e onde elas estão, e onde eu estava. Eu tentei balancear tanto quanto possível, eu não queria que fosse tudo triste. Mas obviamente, eu quero que seja honesto o suficiente onde não fosse todo feliz também. E então espero que eu tenha encontrado um tipo de equilíbrio.
O que mais os ouvintes podem esperar musicalmente de você nesse álbum?
Sonicamente, é um pouco mais maduro, e um pouco mais coeso. Se parece mais com um álbum completo. E então conceitualmente, eu sei que eu já toquei nisso antes, mas com mais experiências de vida e muito mais transparência. Mas eu acho que se você é um fã de música, do que eu tinha a dizer da última vez, então, eu espero que você fique feliz com esse também e você terá Alessia nesse assim como no outro.
Esta entrevista foi traduzida do site da Billboard. Você pode ler a matéria original clicando aqui.