“Ela mudou tudo para as mulheres jovens nesta indústria”, diz Cara sobre Winehouse

Esta peça faz parte da nossa cobertura contínua da recém-atualizada lista dos 500 Melhores Álbuns de Todos os Tempos da Rolling Stone. O Back to Black da Amy Winehouse ficou no topo da votação pessoal de Alessia Cara e chegou ao número 33 na lista geral. Aqui, Cara reflete sobre como o álbum a confortou e inspirou durante um tempo marcante.

Lembro-me de assistir o videoclipe de “Rehab” na MTV quando eu tinha nove ou 10 anos e me apaixonei por ele. Eu me apaixonei pela música, pela voz dela, por ela. Ela realmente me cativou. Quando o disco saiu, era tudo para mim. Eu o amava tanto. Lembro-me que baixei todas as músicas neste pequeno iPod Nano rosa pink e o ouvia no ônibus para a escola quase todos os dias. Eu era provavelmente muito jovem para sequer estar ouvindo essas músicas porque ela falava muitos palavrões e o assunto era super pesado, mas por alguma razão eu ainda me identifiquei. Identifiquei-me com a solidão e certos tipos de vulnerabilidades, medos e dor que ela estava experienciando. Embora ela fosse muito mais velha do que eu, ainda me identifiquei com o álbum e a amava.

Houve um período na escola em que eu não tinha muitos amigos e eu era uma espécie de solitária. Eu me senti assim durante todo o ensino médio – aquela sensação de solidão, e sentindo desconforto nisso. Amy Winehouse é uma das razões pelas quais eu queria me tornar uma música em primeiro lugar. Lembro-me de ver as performances acústicas dela antes de se tornar, sabe, a Amy Winehouse. Ela apenas estava lá em cima com seu violão e ela nunca cantou da mesma forma duas vezes. Isso era algo que eu amava sobre ela, que eu ainda estou tentando fazer. Ela é uma das compositoras mais honestas que eu já ouvi na minha vida. Ela era exclusivamente ela mesma em todos os momentos. Ela nunca teve medo de dizer qualquer coisa. Ela simplesmente colocou tudo para fora. Ela só foi lá e sentou-se no desconforto, convidou sua dor e ficou assim.

As coisas sobre as quais ela está falando não são coisas bonitas. Elas não são camufladas. E às vezes elas são feias. Às vezes, seus sentimentos são feios. Seus dias vão ser feios. Sua dor é feia. Mas quando você fala sobre isso tão abertamente, eu acho que é onde você encontra sua verdadeira força e é aí que se torna bonito. Um álbum como Back to Black abriu tantas portas para todas as mulheres jovens depois dela para serem capazes de dizer o que elas queriam – sem remorsos. E ela definitivamente fez isso por mim. Então é por isso que foi o meu número um – porque não só é apenas uma obra-prima em si, mas porque ela mudou tudo para as mulheres jovens nesta indústria.

Eu acho que Amy definitivamente levou muitos golpes que não temos que tomar hoje em dia – por ela ter tomado todos eles. Lembro-me de algumas manchetes que eram brutais enquanto ela estava viva. É loucura que agora, depois que ela morreu, as pessoas simplesmente voltaram atrás com tudo isso e ficaram tipo, “Oh, não importa. Ela era uma lenda.” Por que você não viu isso quando ela estava por perto? As pessoas a maltratavam tanto.

Como disse à Brenna Ehrlich

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