Quando Alessia Cara tinha 18 anos, em Abril de 2015, ela lançou seu single “Here”. Sob um sample de Isaac Hayes, ela cantou sobre o tédio em festas e a estupidez de beber e usar drogas. “Me desculpe se eu pareço um pouco não impressionada com isso”, ela suspira, “Eu estarei no carro quando você terminar.”

Subiu para número 5 nos charts e chegou até a Taylor Swift, que convidou Cara para performar a música ao vivo com ela durante a 1989 Tour. Mas enquanto Taylor dançava notoriamente pelos seus 22 anos com a mínima acidez – seu hit “22” celebrava tudo miserável como mágico – Cara, agora na mesma idade, não mudou sua melancolia. Seu quase recente single, “Growing Pains”, mostrou isso na letra: “Eu apenas seguro minha respiração, eu não sei porque não consigo ver o sol quando ser jovem deveria ser divertido.” Parte disso veio do colapso de um relacionamento de dois anos.

“Eu acho que coração partido chega para todos,” ela diz. “Você vai ter que passar por aquele período de apenas sentir como se você estivesse no fundo do poço para poder descobrir o que você precisa para você mesmo”.

“Para muitas pessoas, quando se é jovem e está apaixonado você se torna tão consumido pela pessoa que você começa a precisar dela e você quase esquece como é sem eles. Ser forçado a descobrir isso me permitiu encontrar o que eu preciso e o que eu gosto de fazer – e quem eu sou sem mais ninguém, o que é interessante mas difícil.”

Isso é o quão franca Alessia é sobre sua vida pessoal. Mais tarde, depois de conversar um pouco sobre a Itália, de onde sua família canadense é originária, ela me conta que ela “não tinha muito quando estava crescendo nem meus pais” mas isso é tudo, ela não vai mergulhar em detalhes. Ainda assim, quando você tem músicas mais populares do que “Run the World” da Beyoncé – “Scars To Your Beautiful” tem mais do que o dobro de streams no Spotify – deve ser difícil manter os olhos curiosos longe disso. “Eu gosto de privacidade mas música é o único jeito que eu posso me expressar”, ela diz. Lidar com atenção vem naturalmente?

“Eu acho que fui feita para fazer música mas eu não sei se poderia lidar com a fama em um grande nível.”

Se isso é verdade pode ser testado no mês que vem, quando seu novo álbum será lançado. Por enquanto, Cara parece certa do tipo de fama que quer – e do tipo que não quer.

“Eu olho no Instagram e nas redes sociais e vejo imagens e expectativas sendo jogadas na cara das pessoas. Nós alimentamos isso, muitas celebridades e pessoas que nós tornamos famosas, eu apenas não concordo com as coisas com que elas dão importância. É triste que jovens tenham que se espelhar nisso.”

“O que aconteceu com ser inteligente? Por que é tanto sobre como nós parecemos e ser falso e esse mundo estranho que na verdade não existe? Até as pessoas que exibem isso não vivem dessa maneira.”

Ser julgada em aparências é algo que ela está cansada de ser. “Todo mundo tem uma coisa que é escolhida para falarem, a minha é a maneira com que me visto – pareço simples demais. As pessoas dizem que pareço uma sem-teto.”

“Isso parece tão insignificante para mim. Eu nunca pensei que essa seria a coisa que as pessoas julgariam quando eu tentasse fazer música.”

 

Cara foi julgada por algo a mais nesse ano depois do Grammy. Com quatro indicações, ela ganhou o prêmio de Best New Artist em janeiro. Houve uma represália por aqueles que achavam que ela esteve por aqui por muito tempo para ganhar o prêmio. “Isso machucou por um bom tempo porque eu não esperava por isso e eu senti que isso contaminou um sonho inocente meu. Mas sempre haverá pessoas que não estão felizes.”

Animação em pessoa, as palavras de Cara parecem mais difíceis de escrever do que sair de sua boca. As perguntas são respondidas por respostas de longo alcance, como se ela tivesse pensado em tudo antes. Talvez ela tenha.

“Eu fui uma criança bem quieta,” ela fala sobre sua infância em Brampton, Ontário. “Eu sempre fui uma pessoa tímida, mais introvertida. Em casa eu passava muito tempo sozinha – por nenhuma razão além a de que não haviam muitas crianças na minha área. Eu apenas não tinha uma vizinhança onde eu poderia brincar com meus amigos e coisas assim, e eu também tinha um pai muito rigoroso que não me deixava sair muito, então eu só tinha alguma interação com pessoas na escola e eu apenas nunca gostei realmente de interagir com muitas outras crianças porque eu era tímida.”

Porém sua voz tem um pouco de coragem e pode se elevar quando ela quer, o amor de Cara parece ser suas composições e letras, que documenta um tipo particular de solidão, de estar isolada em uma multidão. Pessoalmente, sem qualquer sugestão de autopiedade, ela fala longamente sobre se sentir pequena, sobre a terra ser “minúscula”. “Somos todos tão pequenos. Para que nós estamos realmente vivendo? Por outro lado, eu vejo como a minha música tem afetado as pessoas e percebi que se eu posso fazer o tempo de alguém na terra ser mais fácil é realmente incrível. E sinto que esse é o meu propósito, me expressar de um jeito que as pessoas encontrem conforto. Eu sei que isso soa como uma resposta de concurso de miss mas é realmente a verdade. Eu só quero fazer álbuns que as pessoas lembrem.”

Por enquanto ela está mais preocupada em colocar tudo na linha. Como o primeiro single “Here”, “Growing Pains” começa com uma voz, e dessa vez repete algo que seu pai sempre costumava contar para ela: “Você está sozinha agora, criança”. Pode ser que sim, mas ela parece confortável desse jeito.

O novo single de Alessia Cara, “Trust My Lonely”, já está disponível. Seu álbum, “The Pains of Growing”, será lançado dia 16 de novembro.

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ATUALIZAÇÃO: Alessia desmentiu a data de lançamento informada anteriormente pelo London Evening Standard. Ainda não se sabe quando o álbum será lançado.